A
influência que o cinema pode ter sobre a vida das pessoas
Não
é de hoje que a arte influencia a vida das pessoas. A música,
as obras literárias, o cinema e a TV têm papel importante na
formação de opiniões e na formatação do comportamento dos
indivíduos. A televisão, talvez mais que os outros meios, age
massificando a população nesses últimos tempos, mas, há
alguns anos atrás esse poder pertencia ao cinema que, mesmo com
suas limitações na época, era o canal da Industrial Cultural.
No
filme A
Rosa Púrpura do Cairo
(1985), a personagem interpretada por Mia Farrow vive exatamente
essa situação de indivíduo influenciado pela Indústria
Cultural. Na trama Cecília, uma garçonete apaixonada por
cinema, acaba envolvida numa delas com um personagem fictício
que ganha vida ao sair da tela. Tom Bexter é um personagem do
filme “The Purple Rose of Cairo” que se encanta pela
telespectadora e decide viver com ela no mundo real. Durante o
reboliço causado por essa situação, Cecília acredita estar
mesmo vivendo uma história que só seria possível na ficção
e não consegue decidir se estar ao lado de um personagem irreal
é melhor do que viver ao lado do ator que o interpretou, o galã
Gil Shepherd (ambos interpretados por Jeff Daniels). As
conseqüências da influência do cinema na vida da garçonete
acabam por levá-la a perder o emprego, deixar seu marido e, por
fim, ficar sem seu grande amor. O que lhe resta é voltar ao
cinema e se contentar com a felicidade de personagens como se
fosse a dela mesma.
Cecília
se confunde entre realidade e ficção porque o cinema trás até
ela um contexto que fugia à realidade dela. Um mundo de festas,
aventuras e paixões que não fazem parte do dia-a-dia do
cidadão comum. A moça fica fascinada por esse mundo de tal
forma que não percebe que sua realidade está sendo afetada. É
justamente esse o efeito da Indústria Cultural sobre o
indivíduo que acaba por perder a noção do que é real e o que
é fictício quando exposto às histórias fantasiosas. Talvez
não demos conta dessa influência, pois não analisamos o que
vemos nas telas, mas, apenas, consumimos essas obras
cinematográficas. Nem tanto hoje, mas nas décadas de 1930 a
1950 essas obras transformaram indivíduos comuns ou os deixando
cada vez mais comuns ou estratificando as massas.
A
Indústria Cultural continua tendo esse tipo de controle –
hoje exercido principalmente pela TV e até pela Indústria
Fonográfica (musical) – que manipula o indivíduo e faz a
arte parecer mais próxima da realidade, tirando dela o seu
sentido de apenas ser arte. Mas o cinema ainda faz parte dessa
“máquina” industrial que transforma a arte em bens para
serem consumidos e não mais apreciados e que, uma vez
consumidos, agem de forma inebriante dando sensação de que a
ficção tem mais “graça” do que o real.
Fonte:[estereo]tipo